Mulheres discutem participação política durante evento que reuniu várias lideranças
Plenário do TRE-MA serviu de local para os debates
O plenário do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão serviu de local, na tarde desta segunda, 28 de outubro, onde mulheres discutiram sobre a atuação delas na política em evento promovido pela comissão estadual da Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica, cuja presidência e vice-presidência, respectivamente, são da advogada Valéria Lauande e da juíza Sônia Amaral.
(O evento foi transmitido ao vivo pelo canal TRE-MA do Youtube e álbum de fotos disponível no Flickr).
Presente à abertura, o desembargador Cleones Cunha, presidente do TRE, ressaltou que a presença da mulher na política precisa ser levada muito a sério, já que elas são metade do eleitorado no estado, mas que pouco são representadas de fato, condenando ainda o fato de alguns usarem o percentual dedicado ao público feminino no processo eleitoral de forma fraudulenta, apenas para compor número.
“O Maranhão teve sua primeira deputada federal em 1986 com a deputada Roseana Sarney. A quase totalidade de vereadores é constituída por homens, com exceção dos municípios de Senador La Rocque e Amapá. No geral, parece que os homens concederam o direito, mas não desocupam os lugares para as mulheres. Foi tirado da lei a proibição da mulher participar do processo, mas não se deu chance a ela. A ideia de que a mulher não tinha capacidade de escolha parece que continua no que se refere às eleições”, ponderou o presidente. Em seguida, desejou que aqui o assunto fosse discutido, aprofundado e dadas sugestões para tratar e melhorar a participação ativa da mulher no processo eleitoral.
Por sua vez, Valéria Lauande disse que era preciso evoluir no sentido de não fazer mais jus às cotas porque isso, lhe parece, sugerir que elas não têm capacidade, competência nem brilho próprio para ocupar os cargos a que se propõem. Enquanto esse ideal não vem, é utilizado o possível, que já é melhor que o nada, pois o que se busca é a igualdade entre os gêneros.
A senadora Eliziane Gama, uma das debatedoras convidadas, agradeceu ao desembargador Cleones Cunha pela oportunidade do debate, enaltecendo a importância de que a conscientização do papel da mulher na sociedade brasileira seja, inicialmente, destacado pelos homens, pois assim é demonstrado o respeito e a valorização de seus trabalhos. Agradeceu também à magistratura pelo peso de responsabilidade social que tem, pelo respeito que tem na sociedade, quando esse assunto é fomentado por ela, naturalmente tem uma repercussão diferenciada no resultado.
“Precisamos encontrar mecanismos para melhorar a participação da mulher na política nem que inicialmente sejam eles, através de cotas. Por razões diversas, temos que superar várias adversidades, sejam elas culturais, sociais, acesso ao mercado de trabalho etc”, destacou a senadora.
A juíza Sônia Amaral abordou que algumas mudanças que constam a partir da Constituição Federal de 88, ao contrário do que muitos pensam, terem sido benesses dos homens, se deram através de muita luta das mulheres. Para ela, a política é um caminho para se mudar a sociedade, e se deve ter consciência de que, como em toda esfera, há bons e maus políticos. E a participação da mulher também passa por esse caminho. Por isso, é extremamente importante que as mulheres sejam qualificadas e preparadas para cada vez mais melhorarem a sua participação da política.
Outra convidada foi a deputada estadual Helena Duailibe, que apresentou alguns números, entre outros, como de que 10% do Congresso e 13% do Senado são mulheres, pedindo a adoção de mecanismos mais eficazes de incentivo à participação feminina na política.
As demais mulheres que ocuparam a mesa dos trabalhos ao lado do desembargador Cleones Cunha foram as deputadas estaduais Cleide Coutinho e Daniella Tema, além das vereadoras Concita Pinto e Barbara Soeiro. O evento teve presença ainda do membro da Corte Júlio Praseres e do diretor-geral do Regional André Mendes.